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A depressão e o paciente oncológico

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Sete de abril é o Dia Mundial da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu como tema de sua campanha deste ano a depressão, com o lema “Vamos Conversar”. No Brasil, os dados indicam que 11,5 milhões de pessoas são afetadas, ou seja, 5,8% da população. Somos o país com maior número de casos na América Latina e o segundo na Américas, atrás apenas dos Estados Unidos.

A relação entre câncer e depressão é objeto de vários estudos que tratam, por exemplo, de desenvolvimento do câncer e desencadeamento da depressão durante o tratamento. “Não podemos afirmar categoricamente que a relação entre câncer e depressão é inescapável. Em outras palavras, há um enorme número de pacientes com câncer que nunca deprimem e uma quantidade ainda maior de pessoas com depressão que nunca tiveram qualquer tipo de câncer”, afirma o psiquiatra Ricardo Abel Evangelista, da Santa Casa de São Paulo.

Um estudo do Observatório de Oncologia mostra que a chance de um paciente com câncer desenvolver depressão varia de 22% a 29%. Segundo a análise, pacientes com câncer de mama têm de 10% a 25% de chance de ter o transtorno.

É inegável que o diagnóstico de câncer tem um impacto no paciente, mas cada pessoa reage de uma maneira a ele. Medo, ansiedade e dúvidas sobre o que irá acontecer a partir daquele momento podem surgir e a depressão pode aparecer em alguns pacientes durante o tratamento. Pessoas que já tiveram o transtorno antes da descoberta do câncer têm mais chance de apresentar episódios depressivos.

“Fatos chocantes na vida de um indivíduo podem conduzi-lo a um estado depressivo. Muitos fármacos presentes em alguns tipos de quimioterapia também podem causar depressão. Esses medicamentos são essenciais para o tratamento do câncer e devem ser corretamente utilizados. O paciente e a equipe médica devem ficar atentos para a ocorrência dos sintomas de depressão não para suspender a quimioterapia, afinal ela é prioritária, mas para que o adequado tratamento farmacológico e psicoterápico possa ser implementado contra a depressão”, acrescenta o psiquiatra.

A quimioterapia pode provocar alguns efeitos colaterais no paciente como cansaço, desânimo, fraqueza. Mas é importante que familiares e a equipe médica fiquem atentos a outros sinais que podem indicar depressão, como: tristeza muito constante e que não passa, crises de choro, pensamentos pessimistas, falta de esperança no futuro, irritabilidade elevada no contato interpessoal, isolamento, discursos envolvendo morte ou mesmo o desejo aberto de morrer, sentimentos de culpa e de inutilidade.

Um paciente depressivo pode, por exemplo, deixar de ir a consultas médicas ou a sessões de quimioterapia e isso é extremamente prejudicial para o tratamento do câncer. Por isso, é importante identificar os sinais do transtorno e cuidar. “Todo esse cenário depressivo deve ser considerado frente à comparação com o estado anterior do mesmo indivíduo. Em casos de depressão, haverá uma história de instalação gradual e progressiva dos sintomas. Isso pode ser em questão de semanas a meses”, explica Ricardo Abel Evangelista.

Diagnosticada a depressão, o tratamento, que poderá consistir em psicoterapia e medicamentos, será definido pelo psiquiatra que avaliará todo o quadro do paciente. “A boa regulação do sono é essencial nesses casos também e quando a insônia estiver associada ao quadro, esse fator deve ser corrigido”, ressalta o psiquiatra.

No mundo todo, 350 milhões de pessoas sofrem com a depressão, segundo a OMS. A Organização Mundial de Saúde também alerta que o transtorno pode afetar pessoas de qualquer idade e em qualquer etapa da vida e levar a graves consequências. Conversar sobre depressão é o primeiro passo.

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