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Plataforma de estudos clínicos oncológicos do Instituto Vencer o Câncer completa dois anos

Iniciativa amplia acesso à informação para pacientes e médicos.

 

Imagem conceitual com mão segurando estetoscópio em direção a uma tela de computador flutuante.

 

A proposta de difundir informação de qualidade do Instituto Vencer o Câncer (IVOC) ganhou um novo impulso há dois anos, quando foi lançada a Plataforma de Busca Ativa por Estudos Clínicos Oncológicos e Onco-Hematológicos. Uma iniciativa inédita no país que conta, além das informações necessárias de seleção dos pacientes para participar dos estudos, com vídeos explicativos sobre os protocolos. Durante esse tempo, foram divulgados 160 estudos de diversos tipos de tumores, possibilitando que pacientes e profissionais de saúde tivessem acesso a dados de pesquisas em todo o país. Em média, 20 centros espalhados pelo Brasil têm seus estudos na plataforma.


Dr. Buzaid explica o que são estudos clínicos

 

“A plataforma funciona através do site do IVOC. O paciente consegue localizar quais são os protocolos para sua situação de acordo com o tipo do tumor, fase da doença e onde o paciente mora, dados dos centros que executam esse protocolo nos locais mais perto de sua casa e também com acesso aos critérios de inclusão e de exclusão”, avisa o oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores do IVOC. O médico cita ainda a relevância da ferramenta para os profissionais de saúde. “É muito importante, porque muitos médicos não têm um completo conhecimento de quais protocolos existem para cada tipo de patologia oncológica; não sabendo isso, não conseguem oferecer aos seus pacientes, podendo deixar de beneficiá-los”.

Dos 160 estudos apresentados na plataforma nesse período, 21% foram de câncer de pulmão, 11% de mama e 7% de próstata. Veja distribuição completa de acordo com tipo de tumor.

 

Gráfico em pizza mostrando número de estudos clínicos da plataforma de busca do IVOC separados por tipo.

 

Maluf considera essa iniciativa fundamental, especialmente levando em conta o que a possibilidade de participar de estudos clínicos oferece aos pacientes. “A pesquisa clínica é hoje um caminho muito importante para pacientes. Eles podem ter a oportunidade de, no mínimo, receber o melhor tratamento e talvez receber um tratamento que possa ser o novo padrão no futuro, dos braços experimentais”, comenta. “Independentemente de sua condição socioeconômica, nos protocolos de pesquisa o paciente é tratado nos mesmos parâmetros dos melhores centros do mundo, como Memorial Sloan Kettering Cancer Center e MD Anderson, em termos de assiduidade dos exames, assiduidade de visitas médicas, rigor e alta qualidade das medicações. É uma forma de pacientes, especialmente atendidos pelos SUS, terem acesso às mais novas tecnologias”.

Para o oncologista clínico Fernando Sabino Marques Monteiro, colaborador do IVOC, que atua em Brasília no Hospital Santa Lúcia e no Hospital Universitário da Universidade de Brasília, esse canal de divulgação é extremamente importante não apenas para divulgar os estudos clínicos, mas também por onde são realizados e a maneira de fazer contato. “Antigamente, quem estava fora de São Paulo sabia que poderia ter estudos no estado, mas não sabia com quem poderia falar e enviar dados sobre os pacientes”.

 

Estudos clínicos: Cenário melhorou

Sabino acredita que a realidade dos estudos clínicos no Brasil melhorou muito nos últimos cinco anos tanto para os médicos quanto para os pacientes. “No lado dos médicos, melhorou com o aumento de pesquisas realizadas no país, principalmente pela diminuição na burocracia. Ainda existe, mas é muito melhor em relação ao passado; está mais ágil, o que acaba atraindo patrocinadores, a maioria de fora do país, que têm interesse em trazer os estudos para o Brasil”. Ele também considera que houve melhora com maior número de centros realizando estudos.

 

Veja também: Assista à live do IVOC tirando dúvidas sobre estudos clínicos

 

Do lado do paciente, o oncologista avalia que há maior aceitação. “Antes havia muito receio, não sabiam o que é participar de um estudo clínico. Tinha até recusa, medo de ser cobaia, fazer algo que não sabia se iria funcionar”, recorda, comentando que atualmente os pacientes entendem a importância de ter estudos clínicos no país e principalmente de poder participar. “É mais comum o paciente já chegar perguntando se existe algum estudo de que possa participar. O paciente tem melhor nível de entendimento, mais acesso a informações e o Instituto Vencer o Câncer ajuda muito nisso. É um efeito dominó: quando temos estudos abertos, precisamos de pacientes para enriquecer mais o estudo. Com mais pacientes, há mais interesse nos patrocinadores em trazer estudos para o Brasil, o que possibilita ter mais participantes. É uma onda positiva”.

Quanto ao temor em participar de estudos, o oncologista destaca que não há motivos para ter receio, já que todos os estudos, antes de serem colocados em prática, são validados por um comitê de ética composto por médicos e outros profissionais da área de saúde. Para aprovação é feita avaliação se o estudo não será prejudicial ao paciente, para ter a certeza de que ele não deixará de fazer um tratamento melhor. “Se existe um tratamento padrão para a doença, sempre o braço controle, não experimental, vai receber o melhor que existe ou algo novo que está sendo testado. O paciente receberá orientação não apenas do seu médico, mas dos coordenadores do estudo, que explicam minuciosamente todas as opções. Mesmo os pacientes que chegam com receio, após as avaliações e explicações o medo passa”.

 

Dra. Graziela Dal molin resume como são as fases de um estudo clínico

Sabino explica que sempre que os médicos vislumbram algum paciente que pode estar apto a participar de um estudo, entram em contato com os coordenadores para confirmar os dados clínicos e orientar o paciente. Nem todos os pacientes podem participar dos estudos: para estar apto, é preciso considerar os critérios clínicos de inclusão e exclusão: tanto o paciente quanto o tumor precisam ter os pré-requisitos para inclusão e não ter nenhum critério de exclusão.

“É uma possibilidade de oferecer ao paciente algo novo, para que tenha acesso a medicamentos que talvez não tivesse, ou porque não tem indicação, seja na rede privada ou pública, ou porque não tem acesso mesmo”, avalia Sabino, citando como exemplo a imunoterapia, que não está disponível na rede pública para nenhum tipo de tumor. “Temos hoje estudos com moléculas novas que não estão disponíveis para nenhuma indicação, talvez em nenhum país no mundo, mas fazem parte de estudo clínico. Eticamente é possível fazer porque no braço controle o paciente recebe o tratamento padrão. Há outro tipo de estudo, com medicamentos que já existem no país, mas para outra indicação, e são testados em outro tumor. O estudo clínico é uma oportunidade para o paciente de receber um tratamento que pode mudar a história da doença dele”.

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