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Tabaco e bebida alcóolica são os principais fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço

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Cânceres de cabeça e pescoço podem exigir longa readaptação para conviver com sequelas.

27 de julho é o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. A campanha é feita durante todo o mês e é conhecida como “julho verde”. Nesse grupo, estão os tumores localizados na boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago cervical, glândula tireoide e seios paranasais. O cigarro e o álcool são os grandes vilões. “O câncer de cabeça e pescoço é mais frequente em países em desenvolvimento como Brasil, África e Índia. Cigarro e álcool são os dois fatores de risco mais importantes. O risco de um câncer de cabeça e pescoço ocorrer em quem fuma e bebe é muito maior do que nas pessoas que nunca fumaram ou não bebem. Outros fatores de risco que também são importantes são má higiene bucal e a contaminação por HPV”, explica o oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer.

O advogado aposentado Osório José Amandio, de 71 anos, fumou por 45 anos. Em 2010, começou a sentir problemas em sua voz. A rouquidão era constante. Procurou um otorrinolaringologista e depois de vários exames fez uma micro cirurgia nas cordas vocais para a retirada de um nódulo. No entanto, os sintomas não passaram com o tempo: a voz de Osório continuou muito rouca e ele sentia incômodo para engolir a saliva. Ele fez mais exames e recebeu o diagnóstico: câncer de laringe. “Quando levei o resultado para o cirurgião de cabeça pescoço ele me deu a triste notícia que era um câncer de laringe e que deveria ser operado o mais rápido possível. No dia 11 de julho de 2012, às cinco horas da tarde, eu já estava sem voz, pois havia passado por uma laringectomia total (retirada da laringe)”, conta.

O tumor de laringe é um dos mais comuns no grupo de câncer de cabeça e pescoço. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram 7.350 casos no ano passado e os homens são os mais atingidos. “Esse tumor quando diagnosticado precocemente tem curabilidade altíssima, maior que 95%, com pequenas cirurgias ou com radioterapia. Quando a doença está mais avançada os tratamentos são mais complexos”, explica o oncologista Fernando Maluf. Ele ressalta que o tratamento desse tipo de tumor tem evoluído e hoje se consegue preservar a laringe em diversos casos. “Hoje temos protocolos com preservação de órgãos, com radioterapia e quimioterapia, ou até mesmo com vacinas, drogas biológicas. Felizmente as taxas de sucesso aumentaram em termos de cura e em termos de preservar a laringe funcionalmente e anatomicamente, evitando grandes cirurgias. Mas, obviamente, são tratamentos complexos que exigem grande envolvimento do paciente, família e uma equipe médica muito, muito experiente”, afirma.

Um paciente que precisar retirar totalmente a laringe poderá ter sequelas, como a perda da voz e alterações no sistema respiratório. “Eu entendo que a perda da voz é a maior sequela após uma cirurgia de laringectomia total. No entanto, seu impacto não é maior do que as alterações no sistema respiratório, pois o paciente não inspira e expira o ar pela via aérea superior, mas diretamente através da traqueia”, relata Osório José Amandio.

Além da cirurgia, Osório fez radioterapia. Hoje faz acompanhamento médico anualmente e semanalmente consulta uma fonoaudióloga. Aliás, para quem perde a laringe, a reabilitação com o fonoaudiólogo é fundamental. É ele quem ajuda o paciente a voltar a falar usando a voz esofágica, como é o caso do advogado aposentado. Nesse método, o ar que vem do esôfago gera uma vibração que se transforma em palavras. Com os exercícios dados pelo profissional o paciente vai melhorando sua fala.

Outro recurso usado por pacientes que retiraram a laringe é a chamada laringe eletrônica, um aparelho que a pessoa posiciona no pescoço e produz uma voz robotizada a partir da articulação labial e da vibração de estruturas orofaríngeas. Alguns pacientes também usam as próteses traqueo-esofágicas para voltar a falar.

“Não é fácil explicar ou descrever o impacto e os ciclos de um processo tão complicado e longo quanto a laringectomia total. Em outros tipos de câncer tudo parece mais simples, pois uma vez curado, se curável, o paciente não precisa de um período de adaptação e de aprendizado, como no nosso caso. É preciso ter força e coragem para enfrentar o desafio do desconhecido e do preconceito por parte das outras pessoas, também o medo, a vergonha e outros sentimentos que se instalam em nossa mente. É através de uma ocupação e pelo fato de se sentir produtivo, útil, que se consegue dar o primeiro passo para afastar o estado depressivo”, diz Osório.

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