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Atividade física reduz progressão e risco de recidiva do câncer

Talvez você já tenha lido ou ouvido à exaustão que atividade física faz bem a saúde e ajuda, inclusive, a prevenir o câncer. Mas por que exatamente, os exercícios têm toda essa influência sobre a doença? Na verdade, não há ainda uma resposta fechada para este assunto, mas as teorias mais plausíveis destacam que a prática diária tem impacto em duas frentes: no bloqueio e redução da carcinogênese do tumor, ou seja, na formação e progressão tumoral, e também na angiogênese, que é a proliferação dos vasos que nutrem o tumor (eles só crescem na dependência da formação desses vasos).

Quem explica essa relação é a médica fisiatra Christina Brito, Coordenadora do Serviço de Reabilitação do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), que complementa: “o exercício diário também diminui a inflamação do organismo, e isso é ótimo, porque o câncer gosta muito de ambientes inflamatórios”.

Outra boa notícia é que a prática de atividades tem relação direta com a redução do risco de recidiva (reaparecimento) do câncer. Um estudo de 2005 publicado no periódico JAMA demonstrou que aqueles que passaram a caminhar por pelo menos 30 minutos, em média cinco vezes por semana, na velocidade de cinco a seis quilômetros por hora – ou fizeram exercícios equivalentes –, apresentaram cerca de 60% de redução do risco de recidiva da doença, menor mortalidade por câncer de mama e menor probabilidade de morrer por outras causas.

Até pouco tempo atrás, acreditava-se que fazer atividades físicas poderia piorar a saúde de pessoas que sobreviveram ao câncer de mama, pois poderiam levar à piora de algumas complicações decorrentes do tratamento, como o linfedema, considerado um inchaço crônico nos braços que pode aparecer após a cirurgia e causar muita dor. “Atualmente, nós já percebemos que a atividade controlada ajuda tanto a aliviar esses sintomas como atua em caráter preventivo para que o câncer não retorne. Pacientes com câncer de mama e de colo de útero são os que mais se beneficiam das atividades físicas”, explica Brito.

Engana-se quem acredita que o paciente com câncer precisa ficar de repouso absoluto e está isento de praticar exercícios. Se a pessoa tiver uma capacidade funcional boa e sem doença crônica associada, exercícios aeróbicos são uma boa pedida. “A caminhada é o exercício mais democrático que existe. A intensidade tem que ser de mínima a moderada, ou seja, andando como se estivesse atrasado e começando a suar. Mas, ainda assim, a pessoa pode dançar, pedalar, nadar”, explica a fisiatra. Mas mesmo para exercícios básicos assim, é fundamental ter o aval do médico oncologista.

Quando NÃO é recomendado?

Quando o paciente estiver com uma anemia muito acentuada, já que esse paciente tem deficiência de hemoglobina, responsável por transportar o oxigênio pelo organismo. Outra situação é quando o nível de plaquetas (células sanguíneas que têm função de cicatrização e coagulação) está muito baixo (mas baixo, mesmo, em torno de 20 mil, quando o normal é de 150 a 350 mil). “Os estudos clínicos vão nos mostrando as margens de segurança. Antigamente, nós trabalhávamos com os índices em torno de 50 mil. Hoje em dia a recomendação fica na casa dos 20 mil. Mas algumas pesquisas atualmente apontam que com até 10 mil plaquetas ainda há segurança para executar a atividade de maneira controlada. Na verdade, as poucas plaquetas que restam são muito efetivas”, afirma Christina

Mas mesmo nesses casos extremos, algum nível de atividade ainda deve ser mantido, como escovar os dentes, tomar banho, caminhadas curtas (dependo da mobilidade do paciente), pois a inatividade completa pode levar a quadros de perda de massa magra, óssea e depressão.

Em situações em que a pessoa possui metástases ósseas, dependendo da localização e do tipo de dor, o exercício também fica contraindicado. Entretanto, antes é realizado um score de risco para fraturas. Se, por exemplo, o paciente está com uma metástase no membro superior, mas há baixo risco de fratura, pode ser recomendada atividade com baixa carga. “Mas cada caso é um caso. Por isso, é importante a avaliação de um especialista que vai indicar o melhor tratamento a partir da capacidade daquele paciente”, diz a especialista.

Centro de Reabilitação 

Desde 2008, o Icesp possui um Centro de Reabilitação, com fisiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiros e educadores físicos. Devido aos diversos tipos de câncer e ao tratamento agressivo (cirurgia, quimioterapia e medicamento), o paciente fica debilitado, apresenta limitação funcional e dificuldade de realizar atividades do dia-a-dia.

Entre os sintomas mais comuns, dependendo do estágio da doença, a pessoa sente dor, limitação dos movimentos, compressão da coluna vertebral, comprometimento dos nervos, fraqueza muscular, fadiga, inchaço dos braços e mãos. Metade dos pacientes atendidos no setor tem diagnóstico de tumor nas mamas. Os demais apresentam casos de câncer de intestino, sangue (hematológico), pulmão, sistema nervoso central e próstata.

“Aqui, a reabilitação é ampla. Recebemos desde pessoas com dor crônica até casos de paraplegia, hemiplegia (paralisia de uma parte do corpo decorrente de dano cerebral) e amputação”, informa Christina, que também é coordenadora da Reabilitação. O setor oferece tratamento, educação e orientação ao paciente e familiar, de acordo com a necessidade, para ele atingir o máximo de seu potencial físico, psicológico e social.

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