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Álcool e câncer: os riscos do consumo prolongado

Poucos estudos mediram o risco de mortalidade associado ao consumo de álcool ao longo do tempo. Agora, pesquisadores da universidade de Melbourne, na Austrália, reuniram esses resultados em um grande trabalho de revisão, com o objetivo de avaliar mais claramente o risco associado.

Os dados da revisão confirmam que o risco de morte não só aumenta com o consumo regular de álcool em doses acima de 40 gramas/dia, como cresce progressivamente de acordo com a quantidade ingerida, na comparação com abstêmios.

Por outro lado, o estudo reafirma o propalado efeito protetor de baixas doses de álcool, demonstrando que a ingestão diária de 1 a 29 gramas diminui em 10% a taxa de risco de morte. Até hoje, o consumo moderado de álcool tem sido associado a um efeito cardioprotetor e a uma diminuição do risco de diabetes tipo 2, uma vez que interfere no metabolismo da glicose e aumenta a sensibilidade à insulina.

“Para até 29 gramas de álcool por dia, o equivalente a aproximadamente duas taças de vinho, há uma redução do risco de morte, mas acima desse limite o risco aumenta de modo linear”, explica o oncologista Antonio Carlos Buzaid, chefe-geral do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa.

Graficamente, esse cenário é ilustrado pela chamada “curva em J”, que aponta o aumento gradual do risco para o consumo abusivo, em contraste com o caráter protetor em indivíduos que fazem uso de pequenas quantidades diárias de álcool.

O consumo abusivo de álcool traz prejuízos psicossociais e tem efeitos sabidamente danosos sobre órgãos como o coração e fígado, além de ampliar os riscos de acidente vascular cerebral. Outro efeito adverso da ingestão de bebidas alcoólicas ao longo do tempo é a sua carcinogenicidade. A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer dos Estados Unidos já classificou diversos tumores associados ao álcool, entre eles os cânceres da cavidade oral, faringe, laringe, esôfago, fígado e colorretal. O álcool também aumenta o risco para o desenvolvimento do câncer de mama nas mulheres.

A correlação entre álcool, doença isquêmica do coração e risco de mortalidade motivou parcela dos estudos disponíveis, confirmando que uma grande proporção das mortes no mundo é atribuída ao consumo de álcool, importante fator de risco evitável para a doença crônica.

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