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Uma gravidez com câncer

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patricia
Patrícia ao lado do marido e do filho Renan.

Além de enfrentar o diagnóstico de um câncer de mama antes de chegar aos 40 anos, a administradora de empresas Patrícia Malim, de Curitiba, teve que lidar com outra questão desafiadora e que não estava nos planos.

Enquanto se preparava para a cirurgia de retirada da mama (mastectomia total), durante a bateria de exames preparatórios, o médico chegou com a notícia: “você está grávida.”

Mulheres que retiraram a mama têm dificuldade para encontrar sutiãs adequados

O ano de 2012 foi um período extremamente delicado na vida da curitibana. Nem os médicos acreditavam na sobrevivência do bebê. Desorientada, sem informação, começou a escrever um blog para aliviar a angústia e compartilhar experiências. Num relato emocionante, ela conta que marcou consulta com sua ginecologista de confiança e pensou na possibilidade de um aborto.

“Quando entrei no consultório, a médica se mostrou mais perdida que eu com a situação. Ela veio com opiniões conservadoras e a única coisa que me dizia era que aborto é ilegal no Brasil, como se eu não soubesse disso. Mas a minha dúvida era se naquela situação esse processo não estava liberado. Eu estava desesperada”, escreve.

“Eles me diziam que a chance de perdê-lo era de 100% e que a prioridade, nestes casos, era sempre salvar a mãe. Ficou no ar de forma bem clara que dificilmente o embrião, ou feto, ou bebê (eu já nem sabia mais o que era) passaria do centro cirúrgico. A opinião é que ocorreria um aborto espontâneo após a cirurgia.” [relacionados]

Um dia antes do procedimento, ela fez um ecocardiograma fetal e pode ver o coraçãozinho dele que batia a 152 bpm.”Depois disso, eu tinha absoluta certeza de que nada aconteceria com a gente”.

No dia 29/08/2012 Patrícia deu entrada no centro cirúrgico para retirar a mama. A apreensão do marido e dos familiares era enorme, mas ela se mantinha firme. Nada aconteceu à mãe, tampouco ao bebê, e ela pode seguir com a gestação. A químio precisou ser adiada em alguns meses para que o tratamento não prejudicasse o desenvolvimento da criança. Passado o sufoco da cirurgia e da fase dos enjoos e mal-estar, ela começou a receber a medicação.

Os sintomas da primeira sessão não foram tão intensos. Mesmo estando grávida e com câncer, ela continuou a trabalhar, mas a partir da segunda sessão, problemas como dor de cabeça e dor no estômago vieram. “Meus cabelos começaram a cair no dia 31/12/2012. Chorei muito, muito, mesmo.”

A gestação foi acompanhada por um obstetra especialista em gravidez de alto risco. Alguns cuidados extras foram necessários. A cesariana precisou ser marcada para 36 semanas (quatro a menos que a média de 40), para ela não correr o risco de entrar em trabalho de 10553312_693738527342741_5255830459679503306_nparto.

Após muita expectativa, Renan veio ao mundo no dia 06/04/2013 e a cesariana foi um sucesso. “Não foi milagre o que ocorreu. Na verdade, foi a união de todas as energias voltadas para mim e para o bebê naquele momento.”

Apesar de ter a mama esquerda, ela não pode amamentar, já que quimioterápicos e medicamentos de terapia hormonal podem se misturar ao leite materno e serem ingeridos pelo recém-nascido. Por conta disso, Renan teve que se alimentar com fórmula de leite. “Ele se adaptou bem, mas para mim foi frustrante nos primeiros dias. Gostaria de ter amamentado no peito, mas logo passou e ficou tudo bem.”

Renan foi o primeiro e único filho casal. Devido ao tratamento pós-cirurgia, que consistiu em ingerir por cinco anos citrato de tamoxifeno e injeções de Zoladex, ela entrou em menopausa induzida. “Após o término dessa fase, tudo voltaria ao normal, mas devido à minha idade, os médicos não recomendam outra gestação. Aliás, eu mesma não aguentaria… Criança dá um trabalho danado!”

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