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Álcool não é o principal fator de risco para câncer de fígado

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hepatite manicure

“Doutor, como eu fui ter cirrose se nunca bebi?”. Essa foi uma das primeiras perguntas que Ricardo Ferreira, 50 anos, fez a seu médico logo depois de saber que tinha um tumor no fígado. Quando falamos em câncer de fígado (carcinoma hepatocelular – CHC), muitas pessoas imediatamente o associam à cirrose, que de fato está intimamente ligada ao tumor. A questão é que a cirrose não é causada só pelo álcool. Exagerar na bebida, aliás, não é o principal fator para o surgimento do tumor de fígado.

Na América do Sul, as hepatites virais correspondem a quase 50% dos casos de tumores hepáticos. O álcool vem em segundo lugar (22%), seguido de doenças não alcoólicas, como a gordura no fígado (9%). Ao mesmo tempo, a ligação entre as infecções e o câncer é pouco conhecida no país. Pesquisa recente feita pelo Instituto Oncoguia, em parceria com a Bayer, mostra que quase 60% dos brasileiros desconhecem a associação entre o câncer hepático e as hepatites B e C.

Câncer sem álcool

Apesar de as hepatites serem transmitidas sexualmente e por instrumentos perfurocortantes contaminados, muitos pacientes adquiriram a doença por transmissão de mãe para filho, durante o parto, ou por transfusões sanguíneas realizadas antes de 93, quando não havia o controle sorológico adequado das bolsas de sangue. 

Ricardo Ferreira, citado no início da matéria, acredita que tenha contraído o vírus da hepatite por conta de alguma das tatuagens que fez. “Falar que tive hepatite e ainda cirrose era bem difícil, porque são doenças carregadas de preconceito. Sempre tive uma vida regrada, surfava, andava de skate”, afirma.

Ele conseguiu curar a hepatite C com um tratamento que durou cerca de seis meses. O vírus, porém, já havia causado uma cirrose hepática, que faz com que o órgão perca progressivamente sua função, caminhando para a falência completa se não houver tratamento.

Outro problema comum é que células hepáticas que sobrevivem à hepatite tendem a se multiplicar para compensar as que morreram, e essa grande proliferação pode levar ao crescimento desordenado, dando origem ao câncer de fígado. E foi o que aconteceu com Ferreira. “Veio a cirrose e, um ano e meio depois, o câncer. Estou bem, mas para ficar curado preciso de um transplante.”

Gordura no fígado

A esteatose hepática, ou gordura no fígado, também deve ser observada com atenção. Nos Estados Unidos, é a principal causa de transplantes. Por aqui, o problema está se tornando cada vez mais comum por conta dos hábitos alimentares inadequados e do sedentarismo.

O aumento da quantidade de gordura dentro dos hepatócitos – células encontradas no fígado – por tempo prolongado pode provocar uma inflamação capaz de evoluir para quadros graves de hepatite gordurosa, cirrose hepática e, por fim, câncer. Nesses casos, o fígado não só aumenta de tamanho, como adquire aspecto amarelado.

A estimativa é que 30% da população apresentem o problema e que metade dos portadores possam evoluir para formas mais graves da doença.

Prevenindo

A melhor forma de prevenir tumores malignos no fígado é evitar os fatores de risco, especialmente as infecções pelo vírus das hepatites B e C, o excesso de álcool, e adotar um estilo de vida mais saudável.

É possível prevenir a hepatite B com a vacinação, disponível no SUS. São necessárias três doses para garantir a proteção. Para a Hepatite C não existe vacina até o momento. A prevenção envolve não compartilhar objetos perfurocortantes de uso pessoal, como seringas e alicates de unha, usar material descartável para colocação de piercing e tatuagens e usar camisinha em todas as relações sexuais.

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